Por David Fialkow Sobrinho, mestre em Economia
A guerra na Ucrânia repercute na economia mundial e brasileira. A Rússia é uma das mais produtoras e exportadoras de petróleo e trigo do mundo e importa variados itens.
Para contornar os efeitos da guerra, ocorriam acordos de país a país, como tratativas para assegurar a vinda de fertilizantes russos ao Brasil e também nossas exportações a eles.
O que amplificou os danos foram as sanções. O congelamento de US$ 220 bilhões de títulos russos e a proibição de acesso ao Swift, órgão que realiza as transações internacionais entre os bancos, engessaram as transações da Rússia com o mundo.
Seguiu-se a alta dos preços do petróleo e das cotações do trigo, provocando altas em outros grãos. A inflação, que já incomodava a economia mundial, tomou vulto.
Outro efeito é a redução na atividade econômica. A intranquilidade de uma guerra e a turbulência das sanções econômicas atuam como freio de mão da economia mundial, mais na Europa, palco do conflito.
No Brasil em janeiro, antes do conflito, caiam a indústria e o PIB, prenúncios de um 2022 fraco, devido à falta de insumos, desemprego elevado, baixo poder aquisitivo das famílias e inflação. No RS, a estiagem agravava o quadro.
Efeitos em cascata da alta do petróleo aumentam custos nas cadeias de insumo e produto, agravando a inflação. Efeitos idênticos no trigo, encarecendo o pãozinho, biscoitos, massas e outros. Eventual alta da cotação da soja tende a ser anulada por queda no volume exportado, dado o menor consumo mundial. A falta de fertilizantes vai piorar os gargalos do agronegócio.
Sanções econômicas geram perdas na economia como um todo, inclusive em muitos países não envolvidos. E não funcionam como contenção do conflito, Índia e outros países da Ásia anunciaram compras de milhões de barris de petróleo russo, criaram mecanismos de transações fora do Swift e sem o dólar. O Brasil poderia tentar algo semelhante com relação aos fertilizantes e nossas exportações.
Acima de tudo, o país deveria agir pela paz o mais breve possível, por razões humanitárias principalmente, mas também pelo bem da economia mundial e nacional.