Donald Trump anunciou tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio, 10/02.
Trump pretende afagar os fabricantes norte-americanos destes produtos e expandir a economia, mas pode ocorrer o inverso.

O aço e o alumínio produzidos lá são caros. Isto era compensado com importações, mas que ficam mais caras com as tarifas. Abre espaço para as empresas locais destes metais, mais caros.

A inflação nos EUA é o resultado previsto. Como o aço e o alumínio são empregados na fabricação de diferentes produtos finais, pressiona para cima os preços de veículos, latas de bebidas, construção, utensílios de cozinha e jardinagem, entre outros.

A Skupien, fábrica em Detroit, importa barras de alumínio e as transforma em válvulas de transmissão e outros componentes para indústria automobilística. Tracy Skupien, a dona da empresa, disse ao Financial Times que não consegue absorver o impacto de 25% das tarifas, que “é impraticável” (15/02).

No Brasil, o efeito é reduzir as exportações, as empresas do setor impactando negativamente os empregos e a renda dos trabalhadores. Este efeito poderia ser parcialmente contrabalançado se nossas empresas conseguissem migrar exportações a novos mercados, mas não é algo simples porque os demais países exportadores vão em busca do mesmo. E de uma hora para outra não se obtém novos compradores, leva tempo para conquistar a confiança e pedidos em volumes razoáveis.

Para os fãs brasileiros de Trump, recomenda-se observar que ele busca o que é bom para os Estados Unidos, não importando em quanto vá prejudicar países parceiros de longa data. O slogan Make America Grate Again (faça os EUA grande de novo) só tem olhos ao próprio umbigo daquela nação. Nós precisamos buscar o que nos interessa, sem subordinar nossas ações a terceiros países.

É possível que a redução de demanda dos EUA gere queda dos preços destes metais no Brasil e no mundo, mas que pode ser anulada pelos efeitos recessivos das medidas de Trump, cenário que cresce no radar dos analistas. De que adiantam metais baratos se não houver para quem vender?

Nem os norte-americanos, nem os demais povos irão se beneficiar de medidas unilaterais, da turbulência e da imprevisibilidade inauguradas por Trump. A atividade empresarial e a economia precisam exatamente do contrário: ações cooperadas entre as nações, horizonte estável e previsibilidade de longo prazo.

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