Por David Fialkow Sobrinho
Mestre em Economia
O governo propôs redução do ICMS, ao qual culpa pelos reajustes de combustíveis. É a velha política de iludir a opinião pública e passar a responsabilidade a outros, os governadores. “Zerar” o ICMS ajudaria, mas não foi ele que fez subir os preços.
A causa dos aumentos foi o governo federal ter atrelado o valor dos combustíveis à cotação internacional, sujeitando-os às flutuações especulativas e ao dólar. A todo o momento, o valor oscila e principalmente sobe.
A quem serve isto? Aos acionistas da Petrobrás quando a empresa distribui seus lucros, sendo 60% deles estrangeiros. Foram eles que pressionaram os governos Temer e Bolsonaro a abandonar uma política de preços que vinha de governos anteriores, e levaram.
Na política anterior, a Petrobras segurava os preços até certo ponto. Claro que não podia fazê-lo indefinidamente, sem levar em conta custos, investimentos como o Pré-Sal, etc. Mas, uma estatal não visa só lucro, deve servir ao país. Deveria evitar preços exagerados ao transporte de insumos, produtos e pessoas. E podia fazê-lo, por ser altamente eficiente, com custos de extração inferiores aos do mercado internacional, assim mesmo a empresa era lucrativa. Mas, a ganância dos grandes acionistas queria mais, o presidente atendeu e o país paga a conta.
O mágico, com uma mão, distrai a plateia, enquanto com a outra opera o “milagre”. Como o governo, que faz a opinião pública mirar o ICMS e os governos estaduais, enquanto atrás do palco colabora com grandes especuladores.
Desde 2017, as refinarias vêm operando 30% abaixo da capacidade, forçando a importação de gasolina, impactando nos preços. Os EUA exportaram bilhões de dólares de gasolina ao Brasil nos últimos anos.
Para piorar, fala em privatizar a Petrobras. E já está em vias de vender a BR Distribuidora (postos) e as Refinarias, enfraquecendo a empresa frente a cenários adversos.