Por David Fialkow Sobrinho
Mestre em Economia
Empresas não-financeiras são as que têm como atividade fim bens e serviços, como indústria, agricultura, comércio e serviços.
Empresas não-financeiras obtêm cada vez mais receitas de aplicações financeiras e cada vez menos de sua atividade fim.
Matéria da Carta Capital, 1344ª edição, deu exemplos do que chamou de “rentistas da indústria”.
O grupo JBS, que começou como um frigorífico em 1953, controla 70 marcas no Brasil e no exterior, das quais a Seara é a mais conhecida. Em 2011, fundou o Banco Original, o qual possuía 13 bilhões em CDBs e títulos públicos, que lhe renderam 1,6 bilhões de reais de juros em 2023. O prejuízo do grupo de 1,1 bilhão só não foi maior graças às receitas financeiras.
Isto mostra que as atividades produtivas do grupo perdem importância frente às receitas financeiras.
O Grupo Guararapes, iniciado com uma confecção em 1947, é dona da rede varejista Riachuelo e outras empresas. Há quinze anos, criou um braço financeiro, a Midway, que financia os clientes e faz aplicações financeiras. Os rendimentos de seus títulos do Tesouro e CDBs chegaram a 235 milhões de reais, chegando a 25% do faturamento do grupo em 2023.
A construtora MRV possui o Banco Inter. Tinha 1,9 bilhão em CDBs e títulos públicos, que renderam 225 milhões. O prejuízo de sua atividade produtiva reduziu-se a 30 milhões, em função das receitas financeiras.
No Brasil, o rendimentos financeiros provêm das altas taxas de juro decididas pelo Banco Central, beneficiando o aplicador e drenando recursos públicos para fins estéreis do ponto de vista produtivo.
Na indústria, há duas correntes.
A que se cala diante do juro alto, pois é importante fonte de seu lucro. A que se opõe. Josué Gomes, presidente da Fiesp, critica o Banco Central a cada subida do juro, pois atrapalha as vendas da indústria. Ricardo Alban, da CNI, atribui aos juros altos as dificuldades crônicas do crescimento do PIB. Afirmam que o país precisa romper com esta lógica de cassino de compadres se quiser ingressar numa era de desenvolvimento e inovação.
Carlos Barbosa é pujante graças a suas empresas produtivas e do imprescindível esforço e qualidade dos trabalhadores.