O Rio Grande do Sul vê a pandemia avançar e desponta como uma das regiões com maior velocidade de contágio no país. A preocupação é que não ocorra superlotação nos leitos de UTIs. Em Carlos Barbosa, assim como nos demais hospitais do Estado, o inverno chega trazendo apreensão pela transmissibilidade do vírus. Em entrevista realizada na fanpage do Sindicato, a coordenadora do Hospital São Roque, Cátia Argenta, falou sobre o trabalho que está sendo desempenhado pela equipe.
Sindicato dos Metalúrgicos: como está a situação em Carlos Barbosa?
Cátia Argenta: No final de fevereiro o Hospital já estava montando seu comitê de enfrentamento do vírus e isso nos deu conhecimento para montamos as estruturas e criar o enfrentamento. Estar dentro do Tacchini Sistema de Saúde nos dá bastante respaldo por estarmos em contato com uma gama de profissionais e estrutura. E o núcleo do São Roque nos mostra as particularidades da nossa comunidade. Esse trabalho sempre foi muito bem alinhado com a Secretaria de Saúde para que conseguíssemos fazer o atendimento de todos. Agora, mais do que nunca, com plano de saúde ou não, conseguimos prestar atendimento. Essa estrutura que montamos nos permite atender todos com relativa facilidade.
Sindicato: Neste ano o Hospital São Roque completa 65 anos de serviços prestados à Carlos Barbosa e região. E justamente neste ano tão atípico, em que a pandemia COVID-19 assola o mundo. A arrecadação do Hospital diminuiu e vocês criaram uma campanha de doação. Como foi o resultado?
Cátia: Nos sentimos abraçados por essa comunidade. Só tenho uma palavra para dizer: emocionante. Em todos as manifestações sentimos o acolhimento das pessoas. As nossas equipes também estão com medo. As equipes que eram acostumadas a procedimentos básicos passaram a se vestir com muitos EPIs para se proteger e preservar nossa força de trabalho. Isso gerou um cuidado extremo e dissemos para as pessoas que a prioridade mudou. Nosso custo implicou em uma automática diminuição de tudo o que era menos imediato, mas o custo aumentou, por que precisamos equipar essas pessoas. A população entendeu e atendeu. Muitos ajudaram financeiramente ou com serviços. Nos momentos mais desesperadores, recebemos muitas mensagens de alunos de escola, de artistas e isso deu um apoio moral muito grande para nossas equipes.
Sindicato: Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o medo de se infectar com Coronavírus provocou uma queda de 40% nos casos de pessoas que não estão procurando o hospital. Isso pode agravar outras doenças. Qual é a orientação do Hospital para quem está relutante em procurar ajuda especializada?
Cátia: Fizemos um caminho de toldos e como o Hospital é térreo, fica mais fácil para que sejam isolados os fluxos. Quem tem sintomas respiratórios, seja por Covid ou não, será encaminhado para uma entrada específica do Hospital. Pessoas com outros sintomas passam por outra entrada. Estamos falando de uma pandemia. Pode ser que tenhamos mais propensão à contaminação no nosso dia a dia, indo ao mercado ou farmácia. Não estamos livres.
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