Por David Fialkow Sobrinho
Mestre em Economia
A gasolina subiu 35% em menos de dois meses em 2021. Também subiram o diesel e o gás de cozinha. Impacta no bolso de quem usa transporte público e de quem possui veículo. E repercute nos custos de transporte de insumos e produtos cumulativamente. No custo de vida.
O governo promete reduzir por um tempo impostos federais exceto da gasolina. No gás, a redução é pequena, R$ 2,18 frente a R$ 90,00 o botijão de 13 kg. E não resolve o problema.
Não foram os impostos que variaram. Por mais que pesem sobre o produto, o percentual cobrado segue igual. O que variou foi o preço na refinaria, antes dos impostos, passando de R$ 1,84 para R$ 2,49. Aqui reside a origem da variação de 35%.
O problema é a atual gestão da Petrobras, que adota preços internacionais. São preços que pagam consumidores de países ricos dos EUA, Alemanha, Japão. Mas somos um país de baixa renda e de miseráveis.
Bolsonaro e seus nomeados na estatal não contam, mas o país é autossuficiente em petróleo há margem para praticar preços menores. Esta é uma das vantagens de se ter estatal de petróleo, além de razões de segurança energética e estratégicas.
Mas, fazem gestão em benefício dos acionistas, que recebem a distribuição do lucro. Quanto maior o preço, mais faturam. A União detém o controle da empresa em ações ordinárias, mas nas demais modalidades a maioria está em mãos privadas e estrangeiras.
Além disso, submetem as refinarias a operar 25% abaixo do que poderiam. Assim, importamos combustível caro dos EUA. Com a má gestão da economia, o Real foi a moeda que mais se desvalorizou no mundo, encarecendo o combustível.
A “solução” do governo, mudança em impostos e diretoria, mas sem mexer na orientação da empresa, preserva o problema, a farra dos acionistas.
O governo abre mão de imposto no momento em que alega não ter recursos para nada, nem para renda emergencial maior e por mais tempo, nem para medidas de estímulo pedidas por empresários e trabalhadores para enfrentar a pandemia e seus efeitos na economia.
Pagam o pato o consumidor e o empresário nacionais. Mas, se o país insistir no rumo atual, todas as regiões acabarão atingidas pela queda da renda e da economia. Ainda é possível defender a indústria local e nacional. Mas, se o país insistir no rumo atual, todas as regiões acabarão atingidas pela queda da renda e da economia. Ainda é possível defender a indústria local e nacional.
PS: para piorar, começaram a privatizar as refinarias. A primeira, a Landulpho Alves, RLAM, da Bahia, foi arrematada por uma estatal dos Emirados Árabes Unidos, que não brincam em serviço. Bolsonaro entrega empresas que, junto com a extração, poderiam representar a solução definitiva do problema. Mas, os recursos recebidos pela venda da refinaria vão aumentar a taxa de lucro da Petrobrás, que vai irrigar os bolsos dos acionistas na forma de dividendos (parte do lucro líquido que é dividido aos donos das ações) majoritariamente.