OO déficit zero está em evidência nas mídias e confunde a opinião pública. É um erro técnico equivaler o equilíbrio orçamentário de uma família e o do governo.
Uma família, ao gastar em algo, troca dinheiro por bem ou serviço e aquele dinheiro não volta. Já, o governo quando gasta, p ex., elevando as aposentadorias do INSS, irriga o mercadinho, as lojas, etc. Estes estabelecimentos repõem estoques fazendo pedidos às indústrias, que elevam a produção, geram renda a empresários, funcionários e transportadoras, e encomendas de insumos a fornecedores, e assim sucessivamente.
Nesta cadeia produtiva, geram-se tributos, novas receitas ao governo. Com a vantagem de mover a economia e aumentar o bem-estar dos aposentados, empresários e seus trabalhadores. Se o gasto público for na forma de investimento, por exemplo, construindo ou alargando uma rodovia ou obra de saneamento, o retorno é superior.
É que o investimento tem efeito multiplicador sobre a economia, reza a cartilha. Explicar como neste artigo abusaria da paciência do leitor. Se alguém, ao invés de gastar dinheiro com consumo, decidir investir, p. ex., abrindo uma loja, um serviço, tende a buscar retorno superior ao valor investido. O efeito multiplicador do investimento ocorre, sejam eles públicos ou privados.
Outra lenda seria o descontrole da dívida pública, pois para cobrir os déficits o governo toma emprestado. Mas o endividamento dos EUA é acima de 100% do PIB, no Japão mais de 200%, já o Brasil está longe disto, cerca de 73%, e fechou 2023 com a dívida “dentro dos limites estabelecidos”, jornal Valor. E país nenhum dá calote na própria moeda.
As despesas com juros são 25% das receitas ficais, um em cada quatro reais arrecadados. Mas, os rentistas, que vivem destes juros, se opõem a que o governo reduza esta despesa. Não é por altruísmo que exigem déficit zero só com corte nos investimentos e gastos sociais.
O custo do déficit zero em 2024 são cortes que vão esfriar a economia, penalizar a população e o empresariado que vai vender menos. Há alternativas. Que impere o bom-senso.