Mulheres trabalham em uma fábrica de munição na França, em 1916 — Foto: Reuters/Archive of Modern Conflict London
Nos primórdios da humanidade, não havia opressão da mulher. Em alguns casos, ela era o centro da comunidade, em torno do qual giravam as atividades econômicas.
A baixa produtividade não permitia gerar excedente, ou seja, não sobrava nada. O trabalho de todos os membros do grupo mal dava para viver. Sem excedente, não havia condições econômicas de que uma parcela do grupo vivesse às custas de outros. Não havia produtividade, nem tecnologia sequer para manter os “guardas” que submeteriam a maior parte dos demais membros como escravos. Era uma sociedade de relações horizontais.
A maternidade impedia as mulheres de se dedicarem integramente à caça, mais a cargo do homem. A mulher, por ficar em área próxima à prole, era quem dava segurança alimentar ao grupo, coletando vegetais e capturando pequenos mamíferos e peixes. Isso lhe conferia grande autoridade.
Milhares de anos depois, surgiu o excedente, graças ao avanço dos instrumentos de produção, como o fogo e os metais, até o arado puxado a boi. A agricultura fixou a sociedade num determinado território, reduzindo o nomadismo em busca de alimento.
Com o excedente, nasceu a possibilidade econômica da divisão em classes, a primeira das quais se deu com o uso da força, na forma do escravagismo, que predominou na Antiguidade Clássica.
Ao mesmo tempo, surgia a opressão da mulher, em que ela não mais serve à comunidade, mas ao homem, que a trata como propriedade sua. Esta condição de opressão foi reforçada por ideias e valores que a “justificavam”, perdurando até os dias de hoje, com adaptações.
Os movimentos das mulheres obtiveram conquistas importantes. Direito de voto (Getúlio); cotas nos partidos, mas a representação feminina ainda está aquém; lei Maria da Penha, que nem sempre é respeitada; a recente lei de salário igual p/ trabalho igual, que ainda não é cumprida.
Em suma, há avanços e obstáculos. Um perigo é o fundamentalismo político e moral, que ameaça retrocessos e volta às trevas [1].1
Eu gostaria que muitos mais de nós, homens, nos somássemos à luta de emancipação da mulher. A harmonia entre os diferentes faz bem para a convívio humano.
[1] Os fundamentalistas disfarçam seu preconceito com uma inexistente “ideologia de gênero”. Existe quem defenda o sagrado direito da mulher à não discriminação e existe quem “justifique” a discriminação, mas não a assume. Tipo o assaltante gritar “pega ladrão” para a pessoa que foi assaltada.
- [1] Os fundamentalistas disfarçam seu preconceito com uma inexistente “ideologia de gênero”. Existe quem defenda o sagrado direito da mulher à não discriminação e existe quem “justifique” a discriminação, mas não a assume. Tipo o assaltante gritar “pega ladrão” para a pessoa que foi assaltada. ↩︎