Após mais de um ano de perda de vidas, êxodo em massa de pessoas e outras tragédias, crescem os apelos pela paz.
Em ambos os lados há quem queira a continuidade do conflito, alegando estarem com a razão[1]. São mais armas e vidas na guerra.
A estas alturas, não interessa que lado tem razão, as questões humanitárias falam mais alto, clamam por cessar-fogo imediato e início de negociações de paz.
Mas, o centro deste artigo é mostrar que há também argumentos econômicos para a paz.
A guerra trouxe consigo as sanções, entre as quais o embargo ao petróleo, fertilizantes e trigo russos, que constituem oferta relevante destes insumos no planeta. Em consequência, subiram os preços destes itens, refletindo em extensa rede de produção que os utiliza como insumos, sem falar no transporte que afeta a maioria dos produtos.
Assim, a inflação, que surgira no pós-pandemia, agravou-se, penalizando cidadãos de todos os continentes, inclusive os que nada têm a ver com o conflito. No Brasil, o trabalhador sente o drama da alta de preços. Também os produtores, principalmente rurais, sofrem com custos elevados, levando a preços maiores dos produtos das indústrias de beneficiamento, como laticínios.
O simples início de negociações de paz teria como efeito a queda das cotações de vários insumos, puxando para baixo preços de vasta gama de produtos no mundo e no Brasil.
Inflação em queda beneficia os consumidores, equivale a um aumento da renda real. Estes comprariam mais, favorece o comércio e os serviços, os quais gerariam pedidos à indústria e à agricultura, resultando em mais produção e empregos, cujas rendas retornariam ao mercado, num ciclo virtuoso. A arrecadação cresceria, desatando o nó fiscal.
Inflação menor pressionaria os juros para baixo, o que impulsionaria a atividade econômica, retirando o país da marcha lenta em que se encontra desde o segundo semestre do ano passado, exceto alguns setores.
Paz e desenvolvimento são binômio positivo para os povos no século 21.
[1] Uns alegam o direito da Ucrânia de defender seu território, a soberania e integridade de sua pátria. Outros justificam a invasão russa pela defesa dos ucranianos de regiões de fala russa sob risco de extermínio, que sofriam bombardeios desde 2014 por neonazistas e forças regulares ucranianas.