David Fialkow Sobrinho – Mestre em Economia
Há otimismo com as vacinas. Nos EUA e Europa, fala-se em recuperação da atividade econômica. A explicação é que a vacina gera imunização. Quanto mais pessoas a tomarem, menos haverá quem possa propagar o vírus e, com menos seres transmitindo, menos serão infectados e mesmo os novos infectados não transmitirão a muitos outros porque a vacina os imunizou.
Com imunização, as pessoas vão se sentir mais seguras para trabalhar, ir ao mercado, escolas, academias, fazer lazer e turismo. A economia gira mais.
Antes da vacina, as pessoas e as empresas se retraíam, com ou sem restrição do governo, mais como reação natural ao perigo.
Mas, vozes se levantam contra a vacina ou a discriminam pelo país de origem. No passado, com o analfabetismo enorme, o grande sanitarista Oswaldo Cruz enfrentou revoltas contra a vacina. Em 1904, a varíola ceifou a vida de 3500 pessoas no Rio de Janeiro, o equivalente a 960 mil brasileiros de hoje. Graças à vacina, as mortes se reduziram a 9.
Hoje, não é apenas a ignorância que gera tais reações. Há interesses de políticos que tentam agradar ao público, dizer-lhes o que gostariam de ouvir. Ao invés da realidade, pintam um mundo cor de rosa do vírus. Trabalham com a desconfiança latente de um povo muitas vezes enganado, não com verdades e dados científicos, mas incentivando a descrença na ciência. Pensam apenas em reeleição, ceifar vidas para eles é detalhe, fogem da própria responsabilidade com a desculpa do “inevitável”, não sou “coveiro”.
A discriminação da vacina pelo país de origem não resiste aos fatos. A China, por exemplo, está entre as nações de vanguarda em medicamentos, alguns dos insumos das vacinas ocidentais vêm de lá. O Butantã tem expertise em vacina, é referência mundial na área. O risco é semelhante à da Pfizer, da AstraZeneca, etc.
Que venham todas elas! Em massa e logo. A produção e a vida não podem esperar! Isto requer coordenação, logística, mas o governo marca passo.
Mas, empresários, trabalhadores, estados e prefeituras se mobilizam para viabilizar por conta própria e pressionam o governo a sair do imobilismo.
EM TEMPO: para negar a vacina, o uso de máscara e o distanciamento mínimo, alguns manipulam o conceito de “liberdade” sobre adotar ou não tais procedimentos. Frase de efeito, mas de costas à civilidade. Equivale a dizer que alguém poderia ter a “liberdade” de cruzar o sinal vermelho em alta velocidade, ou de andar pelas ruas a fazer roleta russa com os que passam, afinal “não vai ser o Estado que vai me dizer o que fazer”.
Qualquer um pode, mesmo sem o saber, ser portador e transmissor de dor e morte de outro, isto é fato, o resto é sofisma. Mas, como vivemos em sociedade, há regras de convivência, algumas escritas, outras do bom senso e do respeito para com os demais. Liberdade é outra coisa, profunda, que todos almejamos, não deve ser empregada para cultivar o individualismo extremo.