David Fialkow Sobrinho Mestre em Economia
Neste mês, dez centrais sindicais lançaram campanha pela manutenção dos R$ 600 até dezembro.
O corte pela metade do auxílio emergencial foi feito pelo governo através de Medida Provisória mantendo-o até dezembro, mas em R$ 300,00.
A Medida Provisória precisa ser votada em 120 dias, senão perde validade.
A ideia das centrais é semelhante ao ocorrido em março, quando o governo enviou proposta de R$ 200,00 ao Congresso, mas a pressão das centrais acabou elevando-o a R$ 600,00.
Esta renda socorreu milhões de trabalhadores informais durante o período em que faltavam oportunidades. Muitas empresas não fecharam as portas graças a ela. Não há dúvida de que a queda do PIB de 9,7% no segundo trimestre teria sido maior se não fosse esse dinheiro irrigando a economia.
Hoje, a apreensão dos economistas é que a recuperação da economia está demorando e não dá sinais de que vá adquirir velocidade.
Reduzir renda neste momento pode significar aperto a mais a micro e pequenas empresas, risco de falências, dificultando a recuperação. Subestimar isso é desconhecer que abrir novas empresas não se dá da noite para o dia. Do ponto de vista econômico, o custo-benefício de manutenção destas empresas é bem menor do que seu fechamento.
A alegação do governo de que não pode gastar perde credibilidade. Em março, liberou linha de R$ 1,3 trilhão ao setor financeiro. Mas, as medidas às pessoas e às micro e pequenas ficaram na casa de dezenas de bilhões, sendo que nem 30% do previsto chegou a quem precisava.
Há uma enorme diferença. O setor financeiro usa o auxílio do governo não para girar a economia, mas aplicando no Tesouro e no Banco central, que lhes pagam juros com o dinheiro do contribuinte: novo gasto público. As pessoas e empresas gastam o que recebem no mercado de bens e serviços, ativando a economia e, de lambuja, faz crescer a arrecadação.