Por David Fialkow Sobrinho, mestre em Economia

Se um familiar seu baixar hospital, você vai desejar que seja atendido por um médico em vez de alguém que dá palpite no whats. A conduta de saúde dos entes queridos se baseará em recomendações de especialistas e não em quem repete o que ouviu dizer, especialmente se esse alguém tem outras motivações, por exemplo, a própria reeleição.

Ah, mas, e a economia? Já que a saúde recomenda isolamento, a economia deveria receber o socorro do Estado, em enormes proporções e rapidamente, acudindo trabalhadores, empresas, autônomos, etc. que, sem isso, passariam imensas dificuldades. É o que têm feito governos dos EUA, França e países de menor porte, despejando 10 a 20% do PIB em apoio à economia. Uma situação especial exige medidas especiais.

Mas, no Brasil, o socorro do governo não chegou a 2%. E com um contraste. Aos bancos, as linhas chegam a 1,3 trilhões de reais, online, na veia, integram os fluxos financeiros. Aos do andar de baixo, o governo demorou a se coçar, propôs 200 reais, que o Congresso elevou a 600 reais. Mas, mesmo isso, chega a conta-gotas, tal a demora e a burocracia, milhares se expondo à roleta russa da contaminação em filas.

Isso tem causa, o ultraliberalismo do governo. Aferrado a dogmas de que a economia deve funcionar por si só, recusou-se a agir. Sob imensa pressão, inclusive de setores conservadores, cedeu, mas só em alguns pontos. Insiste em suspender contratos de trabalho e retirar renda do trabalho, que agrava a economia.

Para desviar a atenção de sua subestimação do vírus, demora e omissão, o presidente faz demagogia com o desespero das famílias e empresas, que estão desassistidas precisamente porque o governo pouco fez. Reclama aos ventos, culpa os cientistas, o isolamento, como se não fosse sua a responsabilidade de enfrentar as consequências das medidas de saúde.
Sem isolamento, o surto pode tomar proporções e fugir do controle. A economia será forçada a parar às pressas, desorganizada e indefinidamente. Perdem-se ambas, vidas e atividade econômica.

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